segunda-feira, 20 de junho de 2011

Travessa das Bruxas

Bruxa ou feiticeira? Diz-se que o termo feiticeira era pejorativo e que as bruxas assim designavam aquelas que as tinham denunciado ou traído. O termo Bruxa, embora carregado de conotações negativas, tem a sua génese na palavra bruxaria, ou seja, aquela que pratica uma religião. Religião pagã praticada pelos adoradores da terra, das águas, ou dos astros que acreditvam geriam todo o universo, nasceu esta “religião” dos cultos agrários da Europa pré-Cristã.

Na verdade Jules Michelet, escritor francês de meados do séc. XIX, num livro publicado em 1862, explica que as feiticeiras não são mais que mulheres, conhecedoras do espírito da terra e das propriedades das ervas que nela crescem. Este conhecimento amedrontava pois elas tinham o poder de curar, através de chás e rezas e acredita-se também o de amaldiçoar. Daí que não entendesse e atribuíssem a estas mulheres poderes demoníacos, muito para além dos poderes humanos. Jules Michelet, descreve-nos depois todo o cortejo de horrores de que foram alvo na idade média, mas mesmo quando as mostra nuas e meio-mortas, agarra na nossa mão e põe-na naquele sítio em que logo percebemos que a feiticeira é aquela que distrai Jesus da insipidez dos seus santos: “Deus nos livre – escreveu ele – de vivermos num mundo em que todos os rostos humanos, desoladoramente semelhantes, têm essa igualdade adocicada de convento ou de sacristia.” Não sei se nesta Rua terá vivido alguma Brux, sei apenas que estamos em tempo de compreender a sabedoria destas mulheres já que voltámos a utilizar e cada vez mais, os chás, sucos e xaropes, inalações ou gargarejos com base nas plantas medicinais.

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